sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Nasce a Umbanda


Andei pensando e tenho mil coisas pra colocar aqui, mas acho que não posso de deixar de contar a historia da umbanda antes de qualquer coisa.


    E para falar da umbanda temos que começar pelo seu fundador o senhor Zélio Fernandino de Morais.
    Zélio nasceu no dia 10 de Abril de 1891, no município de São Gonçalo-RJ. Aos 17 anos quando se preparava para servir a Marinha do Brasil, aconteceu algo curioso: Mudou o tom de voz, falando manso e com sotaque diferente, parecendo um senhor de bastante idade. No incio a família achou que era algum distúrbio mental chegando a encaminha-lo ao seu tio, que era medico e diretor do Hospício de Vargem.
    Após algum tempo de observação não foi encontrado nada então o seu tio sugeriu a família que o levasse a um padre para exorciza-lo, pois desconfiava que ele estava possuído por um demônio. E assim foi feito, procuraram um padre e após fazer o ritual não conseguiram nenhum efeito.

Um tempo depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, a qual os médicos não conseguia encontrar a cura, e passado algum tempo, Zélio ergueu-se do seu leito e disse:"amanhã estarei curado" e assim foi.
    Após esse episodio sua mãe D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira conhecida da região, chamada  D. Cândida, que incorporava o espírito de um preto velho que se chamava Tio Antônio.
    O preto velho disse após suas rezas que o rapaz possuía a "tal" mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.
    No dia 15 de novembro de 1908, Zélio foi levado a federação Espírita de Niterói. Ao chegar foi convidado por José de Souza, dirigente da instituição, a sentar à mesa. Logo em seguida, contrariando as normas da casa, Zélio levantou-se e disse que ali estava faltando uma flor. Foi até o jardim e trouxe uma rosa branca e colocou no centro da mesa.
    Quando iniciou uma pequena confusão, Zélio incorporou um espirito e junto com eles vários médiuns que ali estavam incorporaram espíritos de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente, a entidade incorporada no rapaz perguntou:
   "Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
quando um vidente viu a luz que o espírito possuía perguntou:
   "Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala desde modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e sua veste branca reflete uma aure de luz? E qual o seu nome irmão?"
E ele responde:
   "Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho,para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e,assim,cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou,será uma religião que falará aos humildes,simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: 
    CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, porque não haverá caminhos fechados para mim."
O vidente ainda pergunta:
   "julga irmão que alguém irá assistir o seu culto?"
Novamente ele responde:
   "Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei."
    Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o tal padre jesuíta, chamava-se Gabriel Malagrida.
    No dia 16 de Novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto,30.São Gonçalo-RJ, as 20:00 horas, estavam presentes os membros da federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos.
quando o Caboclo das  Sete Encruzilhadas chegou iniciou a sessão dizendo:
   "Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. a prática da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto, que tem base no evangelho de Jesus e como mestre Supremo Cristo." 
    Após dar as normas da casa ele disse que estava nascendo uma nova religião e que iria se chamar UMBANDA. a casa que tinha acabado de ser fundada iria se chamar Tenta Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo afirmou ainda:
   "Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem as horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai."
    Neste mesmo dia Zélio incorporou um preto velho chamado Pai Antônio (aquele que foi confundido com loucura !!), com palavras de sabedoria e humildade e com timidez aparente, sentou-se num canto e não quis se juntar aos outros na mesa, dizendo:
   "Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo."
continuou a dar suas palavras até que um dos presentes perguntou se ele sentia falta de alguma coisa da terra e ele respondeu:
   "Minha caximba,Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda moreque buscá."
Aparecendo assim o primeiro elemento de trabalho da umbanda. E foi Pai Antônio o primeiro a solicitar uma guia.
    Após algum tempo manifestou-se um espirito chamado de Orixá Malé, que era responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia.
    Não era permitido o sacrifício de animais, não usavam atabaques(e não usam até hoje na Tenda). As guias usadas eram apenas as determinadas pelas as entidades que se manisfestavam, a preparação dos médiuns era feitas através de banhos de ervas e do ritual de amaci, isto é, a lavagem da cabeça onde os filhos de umbanda fazem a ligação com a vibração dos seus guias.


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